quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Coronel Spinola

Candido Spinola de Castro (meu Trisavô) nasceu em Palmas de Monte Alto, Bahia no dia 06 de Junho de 1856. Casou-se ainda em Monte Alto com Diolinda Cotrim, filha do Coronel Leolino Xavier Cotrim.  Eles vieram para o interior de São Paulo por volta de 1880, para a cidade de São Carlos do Pinhal (atual São Carlos).

Candido era filho do também Coronel da Guarda Nacional José Pereira de Castro, sendo que este pode ter os mesmos ancestrais de outros Pereira de Castro da região, todos com origens na cidade de Monção em Portugal.

Uma família com longo mapeamento ancestral, tendo como primeiros representantes Reis Visigodos que habitavam a região situada entre os Montes Cárpatos e o vale do Danúbio no ano de 418. Região onde hoje fica a Hungria. Estes visigodos migraram para oeste durante séculos, tendo no caminho invadido Roma e Atenas e contribuído para a queda do Império Romano. Fundaram o reino Visigodo com sede em Toullose e abrangendo quase todo o território das atuais França, Espanha e Portugal. Por volta de 711 mudaram-se para Castela, onde resistiram ao domíno árabe na Península Ibérica, no castelo de CastroJediz, onde surgiu o sobrenome Castro. Por volta de 1350 migraram para o outro lado da fronteira em Monção, Portugal.

A mãe de Candido era Spinola, Adelina de Souza Spinola, filha de Joseph Antônio de Souza Spinola, um daqueles 3 irmãos dizimeiros do Rei que chegaram a região em meados do Século XVIII, vindos dos Açoures e com ascendência italiana, de Gênova.

Voltando ao Coronel Spinola, foi homem urbano, político de destaque pelas cidades onde passou. Em São Carlos foi Curador Geral de Orfãos e também integrante do Partido Republicano. Entre 1892 e 1895 passou por Barretos, Jaboticabal e Bebedouro. Por volta de 1905 vai para Rio Preto, onde assume o 1º Cartório de Registro Geral e Hipotecas do município. Função que exerceria pelo resto da vida, teve ainda os títulos de Escrivão do Tribunal do Juri, Conselheiro do Hospital de Caridade (atual Santa Casa) e Coronel-Comandante da Brigada da Guarda Nacional em São José do Rio Preto.

Entre seus filhos estava Arlinda Spinola e Castro, minha bizavó.


Faleceu em Rio Preto em 30 de Agosto de 1931 e desde 1932 empresta o nome a uma das principais ruas da cidade. 

Coronel Spínola

Francisco de Brito Gondim

Francisco de Brito Gondin é o nome do meu Sétimo-Avô e do filho dele, meu Sexto-Avô. Este pai de Joaquina Calmon de Brito Gondim, casada com Manuel Xavier de Carvalho Cotrim, e mãe de Leolino Xavier Cotrim, por sua vez pai de Diolinda Cotrim, esta mãe de Arlinda Spinola e Castro, minha bisavó.

Apesar dos Franciscos de Brito Gondim serem figuras importantes na fundação de algumas cidades do Sertão Baiano, como Caetité e Igaporã. Não existem pistas entre os historiadores da região sobre os ancestrais deles. O que sabemos é que Francisco (o pai) nasceu em Rio Pardo de Minas (hoje em Minas Gerais).

No início do século XVIII ele transferiu-se para a região da nascente do Rio São João, sendo o proprietário da fazenda Alegre, que depois daria origem à cidade de Caetité. A instituição da Vila data de 1754.

Foi casado com Custódia Maria do Sacramento e tiveram 5 filhos: Francisco de Brito Gondim, Antonio de Brito Gondim, Alferes José de Brito Gondim, Manuel de Brito Gondim e Maria de Brito Gondim.

Ele morreu em Caetité, em 1773.

No seu espólio, a fazenda Alegre é descrita assim:  “casa coberta de telhas, roda de ralar mandioca, prensas e senzalas, também cobertas de telhas, por 113 mil réis; dois cavalos, 24 mil réis; 32 éguas e poldras, 156 mil réis; 70 rezes, 182 mil réis.”

O solar da Fazenda Alegre, onde morou Francisco de Brito Gondim, ainda existe em Caetité, na Praça Rodrigues Lima.

Seu filho, o também Francisco de Brito Gondim foi um dos Juízes Ordinários que participou da criação da vila de Caetité, em 1810 e proprietário da Fazenda Umbuzeiro, citada na Planta Corográfica da estrada de Monte Alto ao Porto de Cachoeira. A Fazenda Umbuzeiro (ou uma parte dela) é descrita assim no espólio de uma das filhas dele: “uma casa de adobes, e telhas, móveis e utensílios, por um conto 850 mil réis.”

Ele foi casado com Ana Angélica de Jesus (filha de José Carneiro Leão e Feliciana Gonçalves da Rocha), com quem teve 15 filhos.


Não descobri a ascendência deles mas sobre o nome Gondim, sei que tem origem na Freguesia de Gondim no conselho de Maia em Portugal.

Solar da Fazenda Alegre, hoje na Praça Rodrigues Lima em Caetité

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

James Catterall – Um inglês em Portugal

Jayme Cotrim, ou primeiro James Catterall, foi um inglês que veio para Portugal em 1381, como general no exército do Duque de Lancaster. Eles vieram em auxílio ao Rei D. Fernando, que lutava contra D. Henrique de Castela que havia tomado o trono do rei legítimo, D. Pedro, após a sua morte.

A guerra acabou nem acontecendo já que eles fizeram paz antes da luta, percebendo que não teriam força para vencer. Logo após este episódio, em 1383 Dom Fernando morreu e o Mestre de Avis (João) foi proclamado novo rei de Portugal. Aqui a Europa vivia a Guerra dos Cem anos, conflito entre França e a Inglaterra. A sucessora natural ao trono seria a Princesa D. Beatriz, que era casada com o Rei João I de Castela, aliado dos franceses, sua posse significaria a submissão de Portugal à este reino. Por isso grande parte da nobresa portuguesa, com o apoio dos ingleses foram contra a sucessão iniciando uma guerra civil, que no final levaria D. João I, o Mestre de Avis ao trono.

Em 1387 D. João I casa-se com D. Felipa de Lancaster (ou Lencastre), filha do Duque de Lancaster, família que havia ajudado a apoiar o rei na guerra civil. Junto com a nova rainha veio para Portugal novamente James Catterall, como seu Mordomo-mór, administrando a casa real.

Em 1415 faleceu a rainha e James, já com o nome português de Jayme Cotrim, passa a acompanhar o filho dela, o Infante Dom Henrique, que depois ficaria conhecido como “O Navegador*”.

Em 25 de Maio de 1420 D. Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo, mudou-se para o Castelo da Ordem de Cristo em Tomar, que anteriormente pertencia aos Cavaleiros Templários. Jayme foi com ele para Tomar e foi o Monteiro-mór da casa do Infante na Vila de Dornes. O Monteiro-mór organizava as caçadas reais e cuidava das terras deste. Durante este tempo sua residência era a Quinta Souto do Eyreira, em Dornes.

Jayme era nascido em Londres, foi casado com (também inglesa) Ana Canas de Urofol. Seu pai foi John Catterall, que ocupou a mansão de Heton em Lonsdale e foi escudeiro da corte de Edward III em 1368.
Ana Canas de Urofol era filha de Lady Joan de Montacute e Willian de Ufford, Conde de Suffolk que ajudou o jovem rei da Inglaterra Richard II e seu filho John de Gaunt, o Duque de Lancaster, durante a revolta dos camponeses em 1381 quando a residência do duque quase foi destruída. Os país de Willian eram Robert de Ufford, 1º Conde de Suffolk, (filho de Robert d’Ufford e Cecily de Valoines) e Margaret de Norwich (esta filha de Sir Walter Norwich e Catherine de Hedersete). Em Portugal Dona Ana Canas era Dama da casa de D. Fellipa.

As armas de Jaime e seus descendentes estão registradas na Torre do Tombo (Arquivo Nacional), na página 34 do livro de Armas. Elas são compostas por um escudo azul e dourado, uma armadura acima com três penachos em azul sobre o capacete.

Segundo os genealogistas os Cotrims da região de Dornes descendem do único filho do casal Lopo Martim Canas Cotrim.

Lopo casou-se com Isabel de Souza, filha de Dona Teresa de Alvim e Dom Gonçalo de Souza. Este foi do Conselho dos Reis D. João e D Duarte e também Vedor (administrador) da casa do Infante Henrique e seu Alféres-mór, Alcaide-mór de Tomar, Comendador-mór da Ordem de Cristo e Comendador de Dornes. Foi ele quem mandou construir a Igreja da Nossa Senhora do Pranto na Vila de Dornes.

Lopo e Isabel tiveram dois filhos: Germão Canas Cotrim e D. Catarina Cotrim (a partir daqui a Genealogia não está completa, portanto não sei de qual dos dois filhos eu sou descendente, ou mesmo se tiveram mais algum filho.)

Lopo foi Senhor da Quinta do Souto do Ereira (em Dornes), Monteiro-mór de Dornes e Fidalgo de Cota de Armas (carta de 9.11.1504).
A residência em que moraram os primeiros Cotrims, a Quinta do Souto do Ereira ainda existe em Ferreira do Zezére, na freguesia de Paio Mendes. Fica para uma futura viagem a Europa fazer uma visita à esta região.


Armas de Jaime Cotrim e seus descendentes

* D. Henrique foi pioneiro nas navegações portuguesas que levariam ao descobrimento da América. Conquistou o arquipélago da Madeira, que depois foi doado a ele pelo irmão, o rei D. Duarte I. Foram seus navegadores que descobriram as então desabitadas ilhas dos Açores. Organizou várias viagens pela costa da África e encomendou um dos primeiros Mapas-Mundi. Alguns dos seus antigos navegadores estavam nas caravelas que chegaram à América com Cristovão Colombo.

Fontes: