sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os Spinola em Gênova

A família Spínola ocupou posição de destaque na história de Gênova e de boa parte da Europa Medieval. Participaram das cruzadas, foram governadores da República de Gênova, Duques, Viscondes, cardeais... Houve até 1 Papa e 4 Santos.

E existe ligação direta de descendência entre personagens centrais da família em Gênova com o patriarca da mesma na Graciosa, Pedro Spínola Dória. A começar pelo criador do sobrenome: Guido Spínola.

Guido, ou Guidone, participou da primeira cruzada, que invadiu Jerusalém em 15 de Julho de 1099. Ele trouxe da Terra Santa um espinho (que seria da Sagrada Coroa de Jesus Cristo). De volta a Gênova o espinho foi oferecido a Virgem da Igreja da Senhora das Vinhas em Gênova. Spínola é espinho em Italiano, surge ai o nome da família.

O feito deu muita fama a Guido, que já era Cavaleiro Templário, e seria eleito Consul de Gênova, entre 1101 e 1122. Era só o começo da presença Spínola nesta posição, entre os séculos XII a XIV foram 14 Cônsules que ocuparam a posição por 29 vezes.

Guito era bisneto de IDO, o Visconde de Manesseno. IDO foi um Alemão que veio invadir a Itália em 951 no exército de seu primo OTO I*. Após a conquista ficou na região fundando a família de Manesseno (Manesseno hoje é uma vila nos arredores de Gênova).  

O neto de Guido, Oberto Spínola, nascido em 1135, também foi personagem de destaque, quando Consul negociou a soberania de Gênova com o Imperador Frederick I e com o acordo assinado na cidade de Pavia em 9 de Junho de 1162, tornou-se o primeiro Cônsul Soberano de Gênova.

Esta é a linha genealógica desde IDO Manesseno até Pedro Spinola Dória:

IDO di Manesseno, pai de Oberto dé Visconti (di Manesseno), pai de Belo “Bozumi”,(este foi antepassado das famílias Spinola, Brusco e Embriaco) nascido em 1040, pai de Guido Spinola (I), nascido em 1070, pai de Guido Spinola (II), nascido em 1100, casado com Alda. Pai de Oberto Spinola (I), nascido em 1135 e morto em 1183, casado com Sibila della Volta (Filha de Igone della Volta). Pais de Oberto Spinola (II), nascido em 1165 e morto em 1214, irmão de Ingo Spinola, tronco dos Spinola “della Piazza” ou “di San Luca”. Pai de Guglielmo Spinola, nascido em 1200, pai de Oberto Spinola (III), o Grande Capitão de Genova (conjuntamente com Corrado Doria), nascido em 1200 e casado com Giacoba (também pai de Corrado Spinola, progenitor de outra linha Spinola da Madeira). Pai de Gherardo Spinola (Senhor de S. Luca e Tertore), nascido em 1280, casado com Pietra de Marini (filha de Antonio Marini). Pais de Lucchesio Spinola (de Marini), nascido em 1323 casado com Agnese. Pais de Carozio Spinola, nascido em 1350 e morto em 1405, que casou com a prima Teodora Spinola (filha de Giacomo Spinola, neta de Aleone Spinola). Pais de Eliano Spinola, nascido em 1390, banqueiro em Genova, casado com Argenta Lomellini (Catanho) (filha de Oberto Lomellini e Bettina Cattaneo (Catanho)). Pais de Giorgio Spinola (Lomellini), nascido em 1420 e morto em 1484. Pai de Leão Spinola (Elliani Spinola Doria), nascido em 1448, passou pela Espanha e pela Ilha da Madeira mas voltou a Genova, onde os filhos Antonio e Lucano nasceram (ambos tiveram CBA de Spinola em Portugal em 1513 – D. Manuel). Leão também era chamado de Micer Leão ou Marcelão Spinola. Casado com Peretta de Spinola (ou Madona Pereta). Estes são os pais de Antonio Spinola Doria, nascido em 1470 em Genova e morto em 1555 na Madeira. O Filho deles Pedro Spinola Dória, nasceu na Madeira em 1503 e morreu na Graciosa em 1559.


* Oto I (Primo de IDO Viscondi de Manessemo) É considerado o primeiro Sacro Imperador Romano, coroado pelo Papa João XII em 962. Ele nasceu em 912 em Wallhausen na Alemanha. Filho do Rei Henrique I “O Passarinheiro” foi coroado rei dos alemães em 936. Em 951 invadiu o Norte da Itália. 

Os Spínola da Graciosa

Volto aqui a falar dos Spínola, aqueles três dizimeiros da coroa portuguesa que chegaram a região de Rio de Contas em meados do século XVIII, dos quais descendem tanto meu bizavô, Olindo de Oliveira Guimarães, quanto minha bizavó, Arlinda de Souza Spínola. Apesar de terem dado origem a uma longa linhagem Spínola no Brasil, partindo depois da Bahia, para o interior de São Paulo, Paraná e outros estados, não sabemos quem é o pai deles.

O que se sabe é que são da Ilha Graciosa, nos Açoures. Estudando a história dos Spínolas desta ilha chegamos ao nome de Pedro Spínola Dória, considerado patriarca desta família por lá.

Para entender a história dele e da migração vamos voltar ao avô dele, Leão Spínola (Elliani Spinola Dória), nascido em 1448 em Gênova, descendente de família nobre e mercador, tem registradas passagens pela Espanha e pela Ilha da Madeira. Um dos filhos dele Antonio Spínola Dória (ou do Funchal), nascido em 1470 em Gênova voltaria ainda bem jovem a Madeira, para comercializar trigo na região.

Nesta época o Rei Português começava a ver com bons olhos a presença de estrangeiros na região da Madeira e dos Açoures, já que eles estimulavam o comércio. Em 1490 Antonio é naturalizado Português e se dedica ao comércio de açucar, em 1494 passa a ter negócios nos Açores também. Em 1491 teria arrendado junto com Estevão Eanes toda a produção das ilhas de São Miguel, Santa Maria, Faial, São Jorge e Graciosa por 1 milhão e trezendos reais. Foi representante de vários produtores chegando a negociar 8 mil arrogas de açucar em um único negócio. Era casado com Maria da Porta.

Em 1513 recebeu autorização de Dom Manuel para usar o brazão da família em solo português. Entre 1516 e 1518 chegou a arrendar todos os direitos reais da Madeira, em sociedade com Luís Doria, Benito Morelli e Simão Acciaiuoli. Era representado nesta empreitada pelo primo Leonardo Spinola. Teria também cedido o terreno para a construção da Capela de São Tiago, em 30 de Abril de 1524, sob a condição de que ela sepultaria os mortos da família.

Antonio ainda teria colaborado com acordos comerciais que levaram os mercadores da região da Madeira a patrocinar a expedição ultra marina de outro genovês: Cristóvão Colombo.

Foi casado com Maria da Porta, também de Gênova, e faleceu na Madeira em 1555.

Pedro Spínola Dória, filho de Antônio Spínola e Maria da Porta, veio da Madeira para Graciosa já casado com Catarina da Veiga, filha de Diogo Pires da Veiga e de Inez Pires da Veiga.  Pedro nasceu na Madeira em 1503. Foi fidalgo da casa real  de D. Manoel I em 1515 e Capitão Mor da Graciosa. É considerado o patriarca da família Spínola na Graciosa. Pedro faleceu na Graciosa em 1559

Não consegui criar a linha de descendência dele até meus 3 ancestrais que chegaram ao Brasil em meados dos 1700, mas existem algumas pistas. Pedro teve duas filhas: Paula Spínola da Veiga e Catarina da Veiga Spínola. Apenas os  descendentes de Paula mantiveram o sobrenome Spínola. Um deles é Raphael Spínola de Souza Mendonça, nascido em 1650 e falecido em 08 de Novembro de 1729. Outro Souza Spínola é Manuel de Souza Spínola nascido em 1681 e falecido em 9 de Janeiro de 1742. Pelos anos de nascimento os 2 Spínolas dos quais descendo poderiam ser netos de um deles. Quem sabe um dia conseguiremos fazer esta ligação exata ...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Coronel Spinola

Candido Spinola de Castro (meu Trisavô) nasceu em Palmas de Monte Alto, Bahia no dia 06 de Junho de 1856. Casou-se ainda em Monte Alto com Diolinda Cotrim, filha do Coronel Leolino Xavier Cotrim.  Eles vieram para o interior de São Paulo por volta de 1880, para a cidade de São Carlos do Pinhal (atual São Carlos).

Candido era filho do também Coronel da Guarda Nacional José Pereira de Castro, sendo que este pode ter os mesmos ancestrais de outros Pereira de Castro da região, todos com origens na cidade de Monção em Portugal.

Uma família com longo mapeamento ancestral, tendo como primeiros representantes Reis Visigodos que habitavam a região situada entre os Montes Cárpatos e o vale do Danúbio no ano de 418. Região onde hoje fica a Hungria. Estes visigodos migraram para oeste durante séculos, tendo no caminho invadido Roma e Atenas e contribuído para a queda do Império Romano. Fundaram o reino Visigodo com sede em Toullose e abrangendo quase todo o território das atuais França, Espanha e Portugal. Por volta de 711 mudaram-se para Castela, onde resistiram ao domíno árabe na Península Ibérica, no castelo de CastroJediz, onde surgiu o sobrenome Castro. Por volta de 1350 migraram para o outro lado da fronteira em Monção, Portugal.

A mãe de Candido era Spinola, Adelina de Souza Spinola, filha de Joseph Antônio de Souza Spinola, um daqueles 3 irmãos dizimeiros do Rei que chegaram a região em meados do Século XVIII, vindos dos Açoures e com ascendência italiana, de Gênova.

Voltando ao Coronel Spinola, foi homem urbano, político de destaque pelas cidades onde passou. Em São Carlos foi Curador Geral de Orfãos e também integrante do Partido Republicano. Entre 1892 e 1895 passou por Barretos, Jaboticabal e Bebedouro. Por volta de 1905 vai para Rio Preto, onde assume o 1º Cartório de Registro Geral e Hipotecas do município. Função que exerceria pelo resto da vida, teve ainda os títulos de Escrivão do Tribunal do Juri, Conselheiro do Hospital de Caridade (atual Santa Casa) e Coronel-Comandante da Brigada da Guarda Nacional em São José do Rio Preto.

Entre seus filhos estava Arlinda Spinola e Castro, minha bizavó.


Faleceu em Rio Preto em 30 de Agosto de 1931 e desde 1932 empresta o nome a uma das principais ruas da cidade. 

Coronel Spínola

Francisco de Brito Gondim

Francisco de Brito Gondin é o nome do meu Sétimo-Avô e do filho dele, meu Sexto-Avô. Este pai de Joaquina Calmon de Brito Gondim, casada com Manuel Xavier de Carvalho Cotrim, e mãe de Leolino Xavier Cotrim, por sua vez pai de Diolinda Cotrim, esta mãe de Arlinda Spinola e Castro, minha bisavó.

Apesar dos Franciscos de Brito Gondim serem figuras importantes na fundação de algumas cidades do Sertão Baiano, como Caetité e Igaporã. Não existem pistas entre os historiadores da região sobre os ancestrais deles. O que sabemos é que Francisco (o pai) nasceu em Rio Pardo de Minas (hoje em Minas Gerais).

No início do século XVIII ele transferiu-se para a região da nascente do Rio São João, sendo o proprietário da fazenda Alegre, que depois daria origem à cidade de Caetité. A instituição da Vila data de 1754.

Foi casado com Custódia Maria do Sacramento e tiveram 5 filhos: Francisco de Brito Gondim, Antonio de Brito Gondim, Alferes José de Brito Gondim, Manuel de Brito Gondim e Maria de Brito Gondim.

Ele morreu em Caetité, em 1773.

No seu espólio, a fazenda Alegre é descrita assim:  “casa coberta de telhas, roda de ralar mandioca, prensas e senzalas, também cobertas de telhas, por 113 mil réis; dois cavalos, 24 mil réis; 32 éguas e poldras, 156 mil réis; 70 rezes, 182 mil réis.”

O solar da Fazenda Alegre, onde morou Francisco de Brito Gondim, ainda existe em Caetité, na Praça Rodrigues Lima.

Seu filho, o também Francisco de Brito Gondim foi um dos Juízes Ordinários que participou da criação da vila de Caetité, em 1810 e proprietário da Fazenda Umbuzeiro, citada na Planta Corográfica da estrada de Monte Alto ao Porto de Cachoeira. A Fazenda Umbuzeiro (ou uma parte dela) é descrita assim no espólio de uma das filhas dele: “uma casa de adobes, e telhas, móveis e utensílios, por um conto 850 mil réis.”

Ele foi casado com Ana Angélica de Jesus (filha de José Carneiro Leão e Feliciana Gonçalves da Rocha), com quem teve 15 filhos.


Não descobri a ascendência deles mas sobre o nome Gondim, sei que tem origem na Freguesia de Gondim no conselho de Maia em Portugal.

Solar da Fazenda Alegre, hoje na Praça Rodrigues Lima em Caetité

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

James Catterall – Um inglês em Portugal

Jayme Cotrim, ou primeiro James Catterall, foi um inglês que veio para Portugal em 1381, como general no exército do Duque de Lancaster. Eles vieram em auxílio ao Rei D. Fernando, que lutava contra D. Henrique de Castela que havia tomado o trono do rei legítimo, D. Pedro, após a sua morte.

A guerra acabou nem acontecendo já que eles fizeram paz antes da luta, percebendo que não teriam força para vencer. Logo após este episódio, em 1383 Dom Fernando morreu e o Mestre de Avis (João) foi proclamado novo rei de Portugal. Aqui a Europa vivia a Guerra dos Cem anos, conflito entre França e a Inglaterra. A sucessora natural ao trono seria a Princesa D. Beatriz, que era casada com o Rei João I de Castela, aliado dos franceses, sua posse significaria a submissão de Portugal à este reino. Por isso grande parte da nobresa portuguesa, com o apoio dos ingleses foram contra a sucessão iniciando uma guerra civil, que no final levaria D. João I, o Mestre de Avis ao trono.

Em 1387 D. João I casa-se com D. Felipa de Lancaster (ou Lencastre), filha do Duque de Lancaster, família que havia ajudado a apoiar o rei na guerra civil. Junto com a nova rainha veio para Portugal novamente James Catterall, como seu Mordomo-mór, administrando a casa real.

Em 1415 faleceu a rainha e James, já com o nome português de Jayme Cotrim, passa a acompanhar o filho dela, o Infante Dom Henrique, que depois ficaria conhecido como “O Navegador*”.

Em 25 de Maio de 1420 D. Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo, mudou-se para o Castelo da Ordem de Cristo em Tomar, que anteriormente pertencia aos Cavaleiros Templários. Jayme foi com ele para Tomar e foi o Monteiro-mór da casa do Infante na Vila de Dornes. O Monteiro-mór organizava as caçadas reais e cuidava das terras deste. Durante este tempo sua residência era a Quinta Souto do Eyreira, em Dornes.

Jayme era nascido em Londres, foi casado com (também inglesa) Ana Canas de Urofol. Seu pai foi John Catterall, que ocupou a mansão de Heton em Lonsdale e foi escudeiro da corte de Edward III em 1368.
Ana Canas de Urofol era filha de Lady Joan de Montacute e Willian de Ufford, Conde de Suffolk que ajudou o jovem rei da Inglaterra Richard II e seu filho John de Gaunt, o Duque de Lancaster, durante a revolta dos camponeses em 1381 quando a residência do duque quase foi destruída. Os país de Willian eram Robert de Ufford, 1º Conde de Suffolk, (filho de Robert d’Ufford e Cecily de Valoines) e Margaret de Norwich (esta filha de Sir Walter Norwich e Catherine de Hedersete). Em Portugal Dona Ana Canas era Dama da casa de D. Fellipa.

As armas de Jaime e seus descendentes estão registradas na Torre do Tombo (Arquivo Nacional), na página 34 do livro de Armas. Elas são compostas por um escudo azul e dourado, uma armadura acima com três penachos em azul sobre o capacete.

Segundo os genealogistas os Cotrims da região de Dornes descendem do único filho do casal Lopo Martim Canas Cotrim.

Lopo casou-se com Isabel de Souza, filha de Dona Teresa de Alvim e Dom Gonçalo de Souza. Este foi do Conselho dos Reis D. João e D Duarte e também Vedor (administrador) da casa do Infante Henrique e seu Alféres-mór, Alcaide-mór de Tomar, Comendador-mór da Ordem de Cristo e Comendador de Dornes. Foi ele quem mandou construir a Igreja da Nossa Senhora do Pranto na Vila de Dornes.

Lopo e Isabel tiveram dois filhos: Germão Canas Cotrim e D. Catarina Cotrim (a partir daqui a Genealogia não está completa, portanto não sei de qual dos dois filhos eu sou descendente, ou mesmo se tiveram mais algum filho.)

Lopo foi Senhor da Quinta do Souto do Ereira (em Dornes), Monteiro-mór de Dornes e Fidalgo de Cota de Armas (carta de 9.11.1504).
A residência em que moraram os primeiros Cotrims, a Quinta do Souto do Ereira ainda existe em Ferreira do Zezére, na freguesia de Paio Mendes. Fica para uma futura viagem a Europa fazer uma visita à esta região.


Armas de Jaime Cotrim e seus descendentes

* D. Henrique foi pioneiro nas navegações portuguesas que levariam ao descobrimento da América. Conquistou o arquipélago da Madeira, que depois foi doado a ele pelo irmão, o rei D. Duarte I. Foram seus navegadores que descobriram as então desabitadas ilhas dos Açores. Organizou várias viagens pela costa da África e encomendou um dos primeiros Mapas-Mundi. Alguns dos seus antigos navegadores estavam nas caravelas que chegaram à América com Cristovão Colombo.

Fontes:


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Manuel Pires de Carvalho e a origem da família Cotrim

Manuel Pires de Carvalho Cotrim é pai do Capitão Antonio Xavier de Carvalho Cotrim, considerado o fundador da família Cotrim na Bahia (do Antônio Xavier já falei em outro texto).

Provavelmente é o Manuel que encontrei registro de ter nascido 1682, filho de um outro Manuel Cotrim, este casado com Maria Ferreira. Seria neto de Baltazar Cotrim e Laurenciana Ramos da Vila Chã, freguesia do Conselho de Pombal em Portugal, hoje com o nome de Vila Cã.

O que tenho mais certeza é que nasceu em Ferreira do Zezére, teve pelo menos quatro filhos, sendo que um deles nasceu em 1707 em Lisboa. Foi familiar do Santo Ofício (embora não tenha encontrado o seu processo de nomeação) e foi casado com Andresa Joseja da Silva, sendo que o site da família Cotrim a coloca como “Ama de leite da Infanta D. Teresa de Portugal”, (deve ser a Teresa de Bragança, filha de Pedro II de Portugal, irmã de D. João V, avô da Rainha Maria I, a louca. Teresa nasceu em 1696 e morreu em 1704 com apenas 8 anos), por aqui podemos supor que o primeiro filho de Andresa e Manuel nasceu também por volta de 1700 e que nesta época já estavam em Lisboa.

Sei que tiveram estes filhos: Benedito Manoel Egas Jose de Carvalho Cotrim, Francisco Xavier de Carvalho Cotrim (Alferes de Cavalos) Antonio Xavier de Carvalho Cotrim (meu Sétimo-Avô e Teodora Antônia Caetana da Silva Cotrim (esta também natural de Lisboa). Segundo outra fonte seu pai teria sido um cirurgião. Também descobri que João Baptista de Carvalho  (pai de Manuel Caetano de Carvalho ) seria seu irmão. (Informações baseadas no processo de nomeação de familiares do Santo Ofício de dois dos filhos dele).

Sobre os pais estou estou me baseando no relato abaixo, aqui não dá para ter certeza que é ele mesmo, mas é bem próvável pelo ano e local:

“Relativamente aos Cotrins de Vila Chã, possuo a seguinte informação: No século XVII viveram na freguesia do Beco dois irmãos. Miguel e Manuel Cotrim, naturais de Vila Chã, Pombal e filhos de Baltasar Cotrim e Laurenciana de Barros. Ainda de acordo com os registos paroquiais do Beco, Miguel Cotrim casou com Iria Nunes a 9.6.1664, sem geração conhecida enquanto que Manuel Cotrim "o mestre" de alcunha, casou a (?) com Maria Ferreira de quem teve; Brizida (1678), Manuel (1682) e Mariana (1683)*. anos em que foram baptizados na paróquia do Beco.”

Segundo a história dos Cotrims, todos os desta região de Portugal seriam descendentes do inglês James Cottrell, que depois adotou o nome de Jayme Cotrim. Estudando a genealogia ao contrário (ou seja pela descendencia deste Jayme) existem muitas linhas quebradas, pessoas sem registro dos filhos, ou mesmo com apenas um filho, o que não era normal para a época. De acordo com vários estudiosos da família e até os que estudam a família inglesa (Catterall), a chance de que Manuel seja descendente de Jayme Cotrim é muito grande. Ainda segundo estes estudiosos, todos os Cotrims da região seriam descendentes do filho dele: Lopo Martim Canas Cotrim, já que ele era filho único.


Existe uma outra família Cotrim no Brasil, iniciada por José Custódio Cotrim da Silva, no Rio de Janeiro, estes conseguiram traçar a genealogia até o Jayme, infelizmente no meu ramo ainda não chegamos lá.

Um lisboense boêmio do começo do século XVIII

Na busca por encontrar minhas raízes me deparei com um personagem que tem estado muito em meu pensamento, é o Lisboense Antônio Xavier Carvalho de Cotrim. Entrou para a história da família Cotrim no Brasil, sendo o patriarca do ramo Baiano (existe uma outra no Rio), aparece em diversos textos, livros e blogs escritos pelos muitos descendentes, deu origem a família tradicional do sertão baiano e posteriormente paulista. Leolino Xavier Cotrim, meu tataravô, que já descrevi aqui, é um (e o mais conhecido) dos bisnetos dele.

Mas o que tem me feito pensar tanto na vida dele é aquilo que encontro como semelhanças comigo, já que, apesar das origens rurais nasci em uma grande cidade, quando olho meus ancestrais é o primeiro que descubro nascido em uma cidade grande (guardando é claro os padrões e tamanho de cidade grande em épocas bem diferentes).

Antônio nasceu na Freguesia de Encarnação, às margens do Rio Tejo em Lisboa, no dia 28 de Setembro de 1707. Lisboa da época era uma cidade muito conservadora e autoritária, dominada pelas rígidas ordens católicas e assombrada pelos tribunais da inquisição. De acordo com alguns historiadores e principalmente baseado em uma carta que seu irmão, Benedito Manoel Egas José de Carvalho Cotrim, enviou para ele de Portugal em 1752, parece que Antonio teve problemas neste cenário repressivo e acabou sendo expulso de Portugal, pela política de degredo, onde as pessoas eram condenadas a abandonar a metrópole e ir para uma das colônias, no caso dele o Brasil.

Não consegui entender exatamente o que aconteceu e qual o peso exato da situação, também não sei se o degredo ocorreu de fato, se houve um julgamento, ou se é usado no sentido figurado, sendo que ele teria sido obrigado a deixar o país natal por não haver mais clima para ficar lá.

Na carta o irmão conta que esteve nas freguesias (paróquias) procurando os registros de que ele tenha “se desobrigado”, o sentido de desobrigar-se naquele contexto era a confissão, pelo que entendi todos deviam se confessar pelo menos uma vez por ano e esta confissão ficava registrada na igreja (o fiel provavelmente recebia algum documento também). Parece que o ato de não se confessar já era problema com a igreja. Pelos relatos de Benedito o irmão não havia se desobrigado em 1734, quando tinha 27 anos, um ano antes de deixar Portugal, e na carta fica clara a reprovação ao comportamento de Antônio na época:

porém as tuas asneiras no tempo de rapaz agora é que se sentem porque certamente lá te (ilegível) por dúvida em não constar da dita certidão onde te desobrigaste o ano de 34 (...) e nesta terra não consta que tu te desobrigastes o ano de 34 nem está nos livros dos acentos e se neste ano fizeste algumas confiçois (confissão) foi só da amante e não de católico”.

Erivaldo Fagundes Neves, historiador e também descendente de Antonio, descreve assim o meu Sétimo-Avô, em uma obra sua: “Antônio Xavier de Carvalho Cotrim (e Angélica Maria de Jesus, depois Joana Fagundes da Silva), que em 1735 deixou a boemia lisbonense que lhe custou o degredo, para regenerar-se nos sertões da Bahia, fincando raízes em Brejo dos Padres, cabeceiras do rio das Rãs;”
Não me parece que tenha praticado algum ato grave, pelo menos para o nosso pensamento de hoje, mas para o momento sua vida pelos bares do até hoje boemio bairro de Santos-o-velho podem ter sido motivo para a expulsão, a carta do irmão também fala em uma amante, o que seria grande escândalo para a época. Ainda tenho alguma dúvida mas parece que já era casado em Portugal com Angélica Maria de Jesus, que veio com ele para o Brasil.

Outra semelhança que tenho com ele é de ser da primeira geração na cidade grande, seus pais: Manuel Pires de Carvalho Cotrim e Andreza Josefa da Silva, eram da pequena vila de Ferreira do Zezere, no centro de Portugal, a cerca de 150 kms da capital. Mas mudariam depois para ter os filhos em Lisboa.
Antonio saiu de Portugal em 01 de Fevereiro de 1735 com 28 anos. Sua primeira esposa, Angélica Maria de Jesus, faleceu em 10 de Abril de 1751 e pela carta onde o irmão felicita pela nova esposa, em 1752 ele já estava casado de novo, desta vez com a minha sétima-avó, Joana Fagundes da Silva.


No Brasil o destino foi o sertão da Bahia, arrendou terras e chegou a criar 600 cabeças de gado, na fazendas Caetité e Brejo dos Padres, que eram propriedade dos pioneiros na colonização do sertão baiano, os Guedes de Brito. Seriam depois definitivamente compradas pelos filhos de Antônio. Em 1771 sabe-se que morava em Rio de Contas, depois de ter passado por Caetité e Paratinga.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Do Sertão Baiano para o Interior Paulista

Foi no final do século XIX que meus ancestrais chegaram ao interior de São Paulo, deixando o sertão baiano, onde ficaram por algumas gerações e mais de 100 anos após a chegada ao Brasil vindos de Portugal. O movimento destas famílias não foi isolado, acompanhou um movimento migratório significativo e foi motivado por condições climáticas e econômicas, as mesmas que resultaram em tantos outros movimentos populacionais na história da humanidade.

Foram 3 os fatores que nos trouxeram ao interior de São Paulo: As constantes secas no sertão baiano, o declínio da mineração na região do Rio de Contas e o crescimento do Café na região Oeste do Estado de São Paulo.

As secas não eram novidade na Bahia, seu primeiro registro foi feito em 1533 pelo Padre Azpilcueta Navarro, em 1583 a seca acabou com a cana, a mandioca e a moagem nos engenhos e  até as populações indígenas se deslocavam fugindo delas. Em 1818 foi relatada em detalhes pelos cientistas europeus Spix e Martius que passaram  pela região. 

Mas a terrível seca que arrasou a região entre 1857 e 1861 superou as anteriores, provocando verdadeiro caos, interrompendo as plantações e criações, provocando fome, mortes, etc. O início de nova seca em 1877 acelerou ainda mais o movimento migratório que já tinha começado.

As secas tiveram graves consequências econômicas, prejudicaram a agricultura e a pecuária, que com a decadência da mineração eram a principal atividade dos fazendeiros da região. Neste cenário as notícias vindas do Sudeste, sobre o sucesso do cultivo do Café começaram a despertar o interesse do meu tataravô, Leonino Xavier Cotrim.

O Café que já havia feito fortunas no Vale do Paraíba, tinha migrado a partir da década de 1870 para o interior de São Paulo, com o atrativo da terra roxa, na região Oeste do estado. Foi nessa região, mais precisamente em São Carlos que Leolino comprou em 1877 a Fazenda Conceição.

A mudança aconteceu em 1878, junto com a esposa (minha tataravó Ludgeria Pereira Costa), seis filhos, um neto, mais alguns parentes e um grande número de escravos. Partiram da Fazenda Lagoa da Pedra em Caetité no dia 7 de fevereiro e chegaram em São Carlos em 10 de Abril, mais de 60 dias na estrada, ou melhor, nas trilhas que atravessavam matas e rios nos estados da Bahia, Minas Gerais e finalmente São Paulo. Logo depois a família se mudaria para Pitangueiras.

O genro de Leolino, Candido Spínola de Castro (meu trisavó) e a esposa dele Arlinda Spínola de Castro (minha trisavó) vieram logo depois em 1880, ficaram primeiro em  São Carlos, moraram depois em Barretos, Jaboticabal e Bebedouro, até estabelecerem-se em São José do Rio Preto. Ao contrário do sogro, o Coronel Spínola, como Cândido era chamado, não era agricultor, preferia a vida na cidade, mas dele falarei mais tarde.

O café também atraiu para o interior de São Paulo, Urbino de Oliveira Guimarães, o Major Urbino, meu trisavô que veio depois em 1899, quase no final do século, nesta época já haviam muitos parentes e amigos por lá, seu tio Manuel Cândido de Oliveira Guimarães, era fazendeiro em São Carlos e até seu filho, meu bizavô, Olindo de Oliveira Guimarães já tinha vindo com a sua avó Ana Amélia de Moura Albuquerque (minha trisavó) para Pitangueiras por volta de 1885.

Sobre a viagem do Major Urbino e sua família existe um relato bem detalhado, graças a Otília de Oliveira Guimarães, uma das filhas dele, que escreveu um diário da viagem e a Mario Mazzei Guimarães, que transcreveu este diário.

A viagem começou em 08 de Junho, na Lagoa do Timóteo e terminou dia 13 de Agosto  em Casa Branca, foram depois para a Fazenda Maracaju, de Antonio Moura e Albuquerque (onde provavelmente estava meu bizavô Olindo) em Santa Cruz das Palmeiras, passaram mais alguns dias na fazenda de Leolino Xavier Cotrim e foram então instalar-se na nova fazenda da família, a Santa Octacília (nome em homenagem a filha que morreu durante a viagem) no dia 23 de Março de 1900. A comitiva reunia cerca de 50 pessoas, entre familiares, guias, tropeiros, cozinheiras, etc.

A viagem não foi fácil, foram 66 dias de trilhas onde todos ficavam expostos à duras condições, como chuvas, calor, caminhos ruins e imprevistos. Abaixo transcrevo alguns trechos do diário de viagem de Otília:

”... fizemos uma viagem muito triste e contrariada ...”(entre Caculé e Rompe Terra); “...aqui chegamos ao pôr do sol, encontramos uma casa vazia e nela pousamos ...” (em Araça); “... aqui chegamos, mamãe muito cansada ...” (em Brejinho); “... arranchamos na beira do rio ...” (em Pé da Ladeira); “...passamos a noite de São João muito triste e num lugar deserto ...” (em Vacaria); “...pousamos em Juramento, caminho muito ruim ...”; “...esse dia perdemos, já tendo pousado no Cortume, voltamos para aqui ...”; ...este dia sofremos muito, caminhamos com a noite, com chuva e lama...” (Pimenta) “... chegamos ... já de noite e com chuva (Piumbi); “neste dia as meninas passaram mal ...” (São Sebastião dos Franciscos); “...hoje... foi Deus servido em levar ... minha querida irmãzinha Otacilia ... “(Ventania) Otacilia morreu com sete anos incompletos.”


Fontes:

Sobre as secas na Bahia: http://www.ppgh.ufba.br/IMG/pdf/As_Secas_da_Bahia_do_Sec_XIX_-_Graciela.pdf (Tese de mestrado de Graciela Rodrigues Gonçalves)

Série de artigos escritos por Mario Mazzei Guimarães em 1990


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Coronel Leolino Xavier Cotrim

Leolino Xavier Cotrim nasceu em Caitité em 28 de Janeiro de 1834, descendente dos Cotrim e dos Brito Gondim, famílias importantes dos primórdios da colonização do Alto Sertão da Bahia, era filho de Manuel Xavier de Carvalho Cotrim e de Joaquina Calmon de Brito Gondim.
Na Bahia atuava como agricultor, pecuarista e mineirador, foi proprietário da fazenda Pedra da Lagoa e chegou a desviar o curso do Rio Brumado para apanhar diamantes no leito seco. Também levava Ametistas, pedras semi-preciosas, para Salvador, onde eram vendidas a mercadores alemães, ao preço de quatrocentos mil reis a arroba. Tinha o título de Coronel da Guarda Nacional.

Casou-se em 09 de Julho de 1855 com Ludgeria Pereira da Costa, nascida em Caitité em 26 de Março de 1837. Ludgeria era morena, baixa, com cabelos pretos lisos e olhos negros, provavelmente com parte de sangue índio. Era filha do Capitão Manoel Pereira da Costa e Emiliana Ribeiro da Costa, também proprietários de terras no sertão da Bahia, o pai de Manoel, Jerônimo Pereira da Costa foi rendeiro* do sitio São Pedro, no sertão do Rio Pardo na Bahia. Leolino e Ludgeria tiveram 13 filhos. Entre eles a minha trisavó, Diolinda Cotrim, mãe da minha bizavó Arlinda Spínola de Castro, mãe do meu avô materno, Wagner de Oliveira Guimarães.

Em 1877 Leolino resolveu mudar-se com a família para o interior de São Paulo. O início de uma nova seca, como a que arrasou a região entre 1857 e 1861, provocou pânico e grande despovoação do sertão nordestino neste ano. Além disso a mineração já havia enfraquecido e chegavam notícias sobre as oportunidades com o café no interior de São Paulo.

Já com a fazenda comprada em São Carlos, partiu de Caitité no dia 07 de Fevereiro de 1878, chegando em São Paulo em 10 de Abril do mesmo ano, para a Fazenda Conceição, nova residência da família a poucos quilômetros da cidade, em uma região chamada de Babilônia. Leolino veio para São Paulo já com boa fortuna da Bahia e pouco depois da chegada trocou de fazenda, indo para a região de Ribeirão Preto, próximo ao então povoado de Pitangueiras, onde comprou de Joaquim Moço** a Fazenda Santa Vitória, que depois foi ampliada por novas aquisições, chegando a ter 2.000 alqueires.

Na Santa Vitória Leolino e seus filhos chegaram a plantar um milhão de pés de café. A sede era relativamente luxuosa para a época, com 12 cômodos e grandes varandas, tinha água encanada, luz elétrica com o uso de um gerador movido por uma roda hidráulica e telefone ligando a fazenda à cidade de Pitangueiras, esses recursos eram avançados para a década de 1910 e mesmo muitas cidades não os possuíam. A fazenda ainda tinha muitos terreiros, sendo um ladrilhado para secar café lavado em tanque, uma máquina de beneficiar café, uma grande tulha ***, uma serraria (que tinha até serra inglesa), moinho para fubá de milho e olaria para produção de tijolos e telhas. Além do café havia criação de gado, com cerca de 300 cabeças.

Nesta época começam a chegar os primeiros colonos italianos, que foram construindo casas e formando colônias dentro da fazenda. Neste mesmo período foi construída a Estrada de Ferro São Paulo-Goiás, que atravessou as terras de Leolino, tendo dentro delas uma estação onde era feito o carregamento do café.

Em 1912, já com 78 anos ele fez uma viagem pela Europa, na companhia de uma das filhas, América, e do genro, João Pedro Antunes, visitou quase todos os países em 6 meses de viagem, conta-se que gostava de mostrar os postais do velho mundo aos amigos e visitantes na fazenda.

Leolino faleceu em 18 de Agosto de 1924, aos 90 anos na fazenda Santa Vitória, seu nome ficou gravado na história de Pitangueiras, sendo considerado um dos fundadores da cidade, alguns de seus filhos ocupariam cargos importantes, como Juiz, Vereador e até Prefeito Municipal****. Uma das principais ruas da cidade leva o nome de Leolino.


***

Leolino Xavier Cotrim


* A príncipio o Rendeiro era quem cultivava a terra e pagava uma taxa, geralmente “um quinto” (20%) ao proprietário. No entanto, como no século XVIII não havia posse definitiva da terra, já que elas pertenciam ao Rei e eram cedidas temporariamente para serem cultivadas, era impossível a venda formal de terras. Por isso muitas vezes o sistema de rendeiros era usado para este fim, ou seja, para mascarar o que de fato era a venda. Tanto é que após anos de uso muitos destes rendeiros reclamaram e ganharam a posse das terras que cultivavam.

** O fim de Joaquim Moço foi trágico, apesar dos 40 contos de réis pagos pela fazenda (um bom dinheiro para a época) o povo dizia que o negócio foi ruim, pois as terras valiam bem mais. Joaquim então resolveu desfazer o negócio e convidou Leolino para um jantar em sua casa. Leolino não apareceu e Joaquim que teria preparado a espingarda para intimidar o comprador, acabou se matando em seu quarto. Ninguém sabe se esta já era a intenção dele, se ele iria matar ou só intimidar Leolino ou iria matá-lo e depois se matar.

*** Tulha é um depósito para guardar cereais e alimentos, no caso o café.

**** João Batista Cotrim, filho de Leolino foi Juiz de Pitangueiras e Major da Guarda Nacional, ele casou com  Orminda Guimarães Cotrim, filha do Major Urbino (meu trizavô). Ela empresta até hoje o nome a uma escola pública da cidade.


Fontes:



Posseiros, Rendeiros e Proprietários – Erivaldo Fagundes Neves

domingo, 18 de agosto de 2013

O Major Urbino

Urbino de Oliveira Guimarães nasceu no dia 28 de Maio de 1856 em Vila Velha, atual Livramento de Nossa Senhora (também conhecida como Livramento do Brumado), filho de Antonio Joaquim de Oliveira Guimarães e Francisca Rosa Viana Magalhães.

Seu pai era Coronel da Guarda Nacional, nascido em Rio de Contas, neto de Portugueses que vieram para a região atrás do Ouro e das Pedras Preciosas. Alguns de seus irmãos foram fazendeiros conhecidos e estiveram entre os pioneiros da região de São Carlos no interior de São Paulo*. Totonho como era conhecido, desceu a Serra das Almas e estabeleceu-se na Fazenda Recreio**, perto de Vila Velha, quase no pé da Cachoeira do Brumado. Sua esposa, Francisca Rosa Viana Magalhães era de Paramirim.

O Major Urbino (Major também da Guarda Nacional) viveu até os 43 anos na Bahia, fez o caminho contrário do pai, voltando à Rio de Contas, onde ganhou a casa do Barão de Vila Velha, Joaquim Augusto de Moura, irmão mais velho da  sogra de Urbino, conhecida na região como Casa do Barão***. Na Lagoa do Timóteo ele plantava e criava gado.

Casou-se em 25 de Janeiro de 1877 com Idalina Augusta de Moura Bittencourt, nascida provavelmente na mesma Vila Velha em 25 de Novembro de 1860, filha de Ana Amélia de Moura e Albuquerque, esta descendente dos primeiros Spínolas e dos Moura e Albuquerque (de quem já falei aqui) . O pai de Idalina era Francisco de Vasconcelos Bittencourt, filho de açourianos com sangue francês, (ou seria holandês ?), dele vou falar mais tarde.

Ainda nos tempos da Lagoa do Timóteo, encontrei esta história nos relatos do Jornalista Mario Mazzei Guimarães****:

“Vindo a cavalo para Vila Velha, em visita ao pai, Urbino topou certo fazendeiro preparando surra num preto, como fazia nos tempos da escravidão, o viandante desceu da montaria, soltou o negro que iria apanhar e seguiu caminho. Na volta à Lagoa, encontrou sua casa rodeada de verdadeira multidão: eram os vizinhos que lhe vinham dar garantia, pois corria que o agressor, julgando-se desfeitado, queria fazer ao major, com a ajuda dos capangas, o que Urbino impedira que ele fizesse ao negro. Naturalmente a anunciada agressão não se consumou ...”

Em 1899 chega a hora de migrar para o interior de São Paulo, seguindo a trilha de outros parentes e amigos, como a sogra e até o filho Olindo de Oliveira Guimarães, meu bizavô, que já havia feito este caminho. Ele organiza uma grande comitiva num total de 50 pessoas e 99 burros levando toda a mudança da família, a viagem durou 66 dias e dela vou escrever em detalhes em um próximo post.

Chegaram em Casa Branca, no interior de São Paulo em 13 de Agosto de 1899. Passaram por Santa Cruz das Palmeiras, na fazenda do primo de Idalina, Antonio Moura, depois pelas terras de outros parentes, a última delas de Leolino Cotrim*****, meu tataravô, em Pitangueiras.

Foi em Pitangueiras o destino final, a Fazenda Santa Rosa, nova residência da família, que logo teve seu nome mudado para Santa Octacília, em memória de uma das filhas de Urbino que morreu durante a jornada. A fazenda de 100 alqueires foi comprada com o dinheiro dos burros usados na viagem e com uma ajuda da sogra. Na fazenda plantava-se café.

Idalina faleceu em 03 de Abril de 1901, sete dias após dar a luz ao filho caçula, aos 41 anos. Urbino casou-se novamente 5 anos depois, quando tinha 50 anos, teve ainda com a nova esposa, Sofia Miller, 3 filhas. Ela era sobrinha de Benedito Calixto, o pintor pré-impressionista.

Urbino teve muito sucesso com o café, e ainda foi favorecido pela sorte, em 1918 uma forte geada acabou com grande parte da produção paulista, mas a Santa Octacília foi poupada e a produto foi vendida com preço muito valorizado, neste ano ele construiu a nova casa grande da fazenda e comprou mais terras, chegando aos 150 alqueires.

Influenciado pela nova esposa resolveu morar na cidade, mudando-se para Bebedouro onde doou um dos vitrôs para a Igreja Matriz. Tinha uma boa vida na cidade, possuindo até um Oldsmobile com motorista fardado. Também fez algumas viagens com a nova esposa, conhecendo Santos, Itanhaém, Rio de Janeiro e Salvador.

O Major Urbino faleceu em São Paulo, onde tinha se internado, no dia 17 de Janeiro de 1929, além da Santa Octacília****** deixou para os filhos várias casas em Bebedouro, saldos expressivos em bancos e comissários em Santos e terras no “Sertão de Rio Preto”, onde hoje é Jales. Talvez tenha sido andando por estas terras que meu avô Tutu (neto de Urbino), conheceu minha avó Sebastiana, filha de fazendeiros de Jales.



***
Oldsmobile 1920 - Devia ser mais ou menos assim o carro do Major

* Alguns dos seus irmãos: Avelino de Oliveira Guimarães, dono da Fazenda das Campinas, em Palmas de Monte Alto, ele hospedou e protegeu o geógrafo e historiador Theodoro Sampaio, por volta de 1879, quando este percorreu a área fazendo pesquisas, nesta época o perigo da região era o bando do cangaceiro Neco; Francisco Cândido de Oliveira Guimarães, morador em Arraial, em 1882; Francisco de Oliveira Guimarães (sem o Cândido), morador em Rio de Contas; José Candido de Oliveira Guimarães, fazendeiro nos tempos iniciais de São Carlos e Manuel Cândido de Oliveira Guimarães, dono da Fazenda Babilônia, foi um grande comerciante de escravos na região de São Carlos por volta de 1880.

** Segundo Mario Mazzei a sede da fazenda Recreio, um sobrado, ainda estava lá em 1963, quando ele visitou a região, ficando próxima ao Engenho da Cachaça Sempre Viva (bom, já tenho um motivo para voltar à Livramento).

*** Sobre a Casa do Barão e os Spínolas, falei nos posts anteriores, coloquei até uma foto da casa.

**** Mario Mazzei era filho de Orestes Guimarães, um dos filhos do Major Urbino. Ele escreveu uma série de crônicas sobre o avô, que foram fundamentais para escrever este post. Mario Mazzei foi editor-chefe da Folha de São Paulo entre 1953 e 1959 e fez várias reportagens de destaque no jornalismo brasileiro. Ele faleceu em 12 de Dezembro de 2012, aos 98 anos.

***** Leolino Xavier Cotrim, rico fazendeiro da época do Café, foi o Avô de Arlinda Spínola de Castro (minha bizavó), casada com Olindo de Oliveira Guimarães, filho do Major Urbino. Houveram outros tantos casamentos entre os Guimarães e os Cotrim nesta época.

****** A fazendo Santa Octacília já nas mãos da família Marinho (ele casado com Cotrim Avelar), mudaria a plantação para as laranjas nos anos 30, após forte queda de preço do café. Ela foi rebatizada com o nome de Santa Rosa. Segundo Mario Mazzei, em 1990 ela ainda estava lá.

Fontes:

Uma série de crônicas escritas por Mario Mazzei em 1990 e distribuídas entre os parentes. Deixo aqui o muito obrigado e este jornalista e historiador que me ajudou a conhecer um pouco mais da minha história.



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Os Moura e Albuquerque

Meus ancestrais Moura de Albuquerque são até agora uma das partes mais interessantes que descobri sobre as minhas origens, com alguns personagens bem relavantes na história brasileira, uma história de amor e tragédia contada por Jorge Amado, Afrânio Peixoto e outros autores e pelo grande número de informações que descobri sobre eles.

Tudo começa quando Martiniano José de Moura Magalhães casa-se com Maria Efigênia da Rocha e Albuquerque, em Rio de Contas, provavemente bem nos primeiros anos do século XIX. Eles são os Trizavós Maternos do meu bizavô materno: Olindo de Oliveira Guimarães.

Sobre Martiniano José não descobri as origens, apenas que tenha vindo das Minas Gerais. Maria Efigênia era filha de Portugueses, sendo seu pai, Dr. Bernardo de Mattos e Albuquerque formado em leis em Coimbra e Provedor do Rio de Contas, uma espécie de prefeito, com muitas posses na região, chegou a ser nomeado Capitão de Ordenanças da Bahia pelo reinado de D. Maria I*.

Martiniano ficou víuvo cedo, mas já era pai de pelo menos 4 filhos em 1817, vivendo em Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas (hoje Livramento do Brumado), quando resolveu vender a auforria a uma de suas escravas, fato que aparece em vários relatos sobre o triste período da escravidão no Brasil.

Um dos filhos de José Martiniano, Martiniano de Moura e Albuquerme, ficaria famoso e teria sua história, ou melhor sua morte retratada em vários romances. Este era o bizavô do meu bizavô materno, ele foi um dos personagens da guerra entre os Canguçu, os Moura e os Castro no sertão baiano.

A Guerra com os Canguçu e o assassinado de Martiniano

Essa história começa quando Pórcia e sua irmã mais velha Clélia, junto com uma comitiva, faziam uma viagem de Cajueiro (hoje município de Guanambi) até Curralinho na borda do recôncavo bahiano. Ali Clélia Brasília Castro se casaria com Antônio José Alves. Seriam os futuros pais do poeta Castro Alves.

Durante a viagem fizeram uma parada no Sobrado do Brejo, na localidade de Bom Jesus (hoje município de Caetité). Durante a estadia Pórcia, a tia mais nova de Castro Alves, teria se enamorado por Leolino Canguçu, um dos donos da casa, Leolino era casado.

Após a partida, Leolino e um grupo de capangas detém a comitiva e sequestra Pórcia, levando-a novamente para o sobrado, onde ela permace por 3 semanas. A família Castro não deixou barato,  e pediu ajuda aos Mouras para invadir o Sobrado dos Canguçu e libertar Pórcia.

É ai que meu Sexto-Avô entra na confusão. Já havia algum parentesco entre Mouras e Canguçus (embora eu não saiba qual) e a “traição” despertou a ira de Leolino. Em dezembro de 1845 o próprio Leolino arma uma tocaia e mata Martiniano, atentando também contra a vida do seu irmão Manuel, que escapa. O revide viria dois anos mais tarde e em 1847 Leolino é assassinado por um grupo armado a mando de Manuel, era o fim da guerra.

Talvez pelos contornos de romance e tragédia, talvez pela relação com o poeta Castro Alves, este episódio é retratado em vários romances, entre eles Sinhazinha (1929) de Afrânio Peixoto, História de Castro Alves (1947) de Pedro Calmon, ABC de Castro Alves, do escritor baiano Jorge Amado e Uma comunidade rural do Brasil antigo de Lycurgo Santos Filho.

Alguns Moura e Albuquerque que ficaram na história

Mas não foi apenas o assassinato de Martiniano que fez a fama da família, depois dele, alguns filhos e sobrinhos tiveram destaque na história do país, apesar de não serem meus ascendentes diretos, vou contar um pouco de três deles:

Joaquim Augusto de Moura, mais conhecido como o Barão de Vilha Velha, foi um dos filhos de Martiniano, irmão mais velho da minha quinta-avó, Ana Amélia de Moura Albuquerque. Joaquim tornou-se um grande proprietário de terras e gado, tendo morado em um dos casarões construídos pelos primeiros Spínolas (estes também meus ancestrais) na Lagoa do Timoteo. O título de Barão foi concedido por Dom Pedro II em 17 de Maio de 1873 em retribuição à uma generosa contribuição de 10 contos de réis que fez a “instrução pública” de Vila Velha, hoje Livramento de Nossa Senhora (Livramento do Brumado).

Outro nobre, foi José Egídio de Moura e Albuquerque, o Barão de Santo Antônio da Barra. Filho de Manuel (aquele irmão que vingou a morte de Martiniano), José Egídio foi Coronel da Guarda Nacional** e ganhou o título de Barão após ter prestado ajuda financeira as vítimas da “peste” em Rio de Contas em 1889, nomeado em Agosto, deve ter sido um dos últimos nobres do império de Dom Pedro II, que cairia em Novembro do mesmo ano. José Egídio ainda seria nomeado o 1º Intendente do município de Condeúba (nome atual de Santo Antônio da Barra), logo após a proclamação da república.

Outro filho de Manuel, Marcolino de Moura e Albuquerque, teve participação destacada na Guerra do Paraguai e no movimento pela abolição da escravidão no Brasil.

Em 1865 Marcolino resolveu parar temporariamento os estudos na Faculdade de Direito do Recife para lutar na Guerra do Paraguai, ele foi o Tenente-Coronel do Batalhão Imperatriz com 386 soldados ao seu comando. Ele é citado como tendo participação destacada na Batalha de Tuiuti, em 24 de Maio de 1866. Esta batalha foi decisiva na vitória dos Aliados na Guerra e é considerada a batalha mais sangrenta da história da América do Sul, com 10.000 mortes no total. Ele também aparece em outros momentos da guerra, em 1867 volta a Bahia para recrutar mais voluntários, inclusive alguns presos, em 68, em uma das batalhas finais da guerra pela tomada da ponte de Itororó, sua tropa ficaria famosa por utilizar a Capoeira para combater o inimigo, após a munição acabar.

Após a vitória no Paraguai Marcolino formou-se bacharel em direito e se elegeu Depultado Federal (tanto no império quanto na república), tendo participado da Constituição de 1891. No Congresso Federal defendeu a Abolição dos Escravos, tendo documentadas intervenções suas nos discursos de Joaquim Nabuco. Também participou da criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e do Jornal Abolicionismo. Hoje existe o distrito de Marcolino Moura, no município de Rio de Contas, em sua homenagem.

Outro Moura que irei lembrar aqui é Antônio Martiniano, outro filho de Manuel, este se casou com a filha de sua prima, Maria Delfina (irmã da minha Trizavó Idalina Augusta de Moura Bittencourt)***. Antônio além de seguir a tradição do avô nas grandes plantações de café na região, teria sido traficante de escravos, trazendo-os da Bahia para São Paulo através de procurações dadas pelos seus proprietários para vendê-los aos novos produtores de café paulistas. Existe um registro de 1877 do governo da província Baiana a respeito de uma cobrança de imposto sobre 200 escravos que ele havia levado desta para São Paulo. Nesta mesma época ele teria se mudado de vez para Casa Branca-SP (rota realizado por outros de meus ancestrais também) e criado plantações de café na região. Onde estavam suas terras hoje existe o município de Santa Cruz das Palmeiras, local onde seus filhos e netos também exerceram importantes papéis políticos.


***


* O título está registrado no arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, este é o link: http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1901333

** A Guarda Nacional foi uma força paramilitar criada em 1831 durante o período regencial (quando Dom Pedro II era muito novo para ser Rei de fato e Dom Pedro I já tinha voltado para Portugal) para substituir antigas milícias regionais. Vários dos meus ancestrais pertenceram a ela.

*** Meu Bizavô Olindo veio para o interior de São Paulo com Antônio Martiniano, junto com a prima e sogra dele (que era avó do meu Bizavô): Ana Amélia de Moura e Albuquerque.

Fontes:




Processo onde Bernardo de Mattos e Albuquerque foi advogado 1779:

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Três dizimeiros chegam ao sertão da Bahia ...

Em meados do Século XVIII chegaram ao alto sertão baiano 3 irmãos: Timóteo, Joseph e Francisco. Eram dizimeiros da fazenda real, percorriam o sertão recolhendo impostos para a coroa portuguesa.

Dois deles são meus ancestrais diretos. Timóteo é trizavô paterno do meu bizavô materno, ou seja meu sexto-avô. Joseph é bizavô paterno da minha bizavó materna, ou seja meu quinto-avô. A família dos dois iria se cruzar muitos anos e quilômetros depois, no início do século XX, já no interior de São Paulo, quando meus bizavós Olindo de Oliveira Guimarães e Arlinda Spinola e Castro (os pais do meu avô Tutu) se casaram.

Ainda não consegui descobrir o nome dos pais deles, mas sei que vieram da Graciosa, pequena ilha portuguesa no arquipélago dos Açores*, praticamente no meio do Oceano Atlântico. Sei também que Timóteo Spínola de Souza nasceu em 1744.

Os dízimos da fazendo real eram impostos de 10%, como os da igreja, que eram passados ao rei por este ser o “Grão-Mestre da Ordem de Cristo”. Os dizimeiros eram “comerciantes” e não funcionários do reino, eles compravam contratos que os habilitavam a cobrar os impostos. Para ter acesso a estes contratos, além é claro de dinheiro para dar o lance inicial, era preciso certo prestígio, portanto apesar de não sabermos a origem exata deles, parece fato que já chegaram ao Brasil com alguma relação com a Corte Portuguesa.

O fato é que os três irmãos ficaram por lá e, especialmente meus dois ancestrais, fizeram história no sertão baiano. Eles se fixaram primeiro em Vila Velha, hoje Livramento de Nossa Senhora (também conhecida como Livramento do Brumado). Com a descoberta de Ouro na Chapada Diamantina, subiram a Serra das Almas, estabelecendo-se em Rio de Contas. Conta-se que Timóteo ficou rico com o ouro, chegando a remeter 4 arrobas do metal para Londres.

A família construiu uma lagoa e se estabeleceu em volta, esta lagoa tem até hoje o nome de Lagoa do Timóteo e deu origem ao nome do distrito de São Timóteo. Ao redor da Lagoa eles construíram alguns casarões** que estão lá até hoje.

Joseph foi um pouco mais ao sul, próximo do atual de município de Caetité, era proprietário da fazenda Pedra Redonda, onde plantava café***, o mesmo café que acompanharia minha família pelas próximas gerações. 

Timóteo morreu em Rio de Contas em 25 de Abril de 1824, com 80 anos. Sua filha mais velha Maria Delfina de Souza já estava casada e deu continuidade a minha ascendência. Pelo lado de Joseph, os filhos, entre eles minha tataravó Adelina de Souza Spínola, teriam se mudado para Lençóis junto com os irmãos que continuavam com as plantações de café.

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                                          Casa do Barão - Lagoa do Timóteo - BA


* Foi grande a emigração Açoriana para o Brasil, incentivos do reino e limitações econômicas da ilha, somadas a um grande crescimento demográfico no Século XVIII fizeram com que muitos tentassem vida melhor em terras brasileiras.

** Em um destes casarões nasceu meu bizavô, Olindo de Oliveira Guimarães. O lugar era conhecido como “Casa do Barão”, pois pertenceu ao Barão de Vila Velha, Joaquim Augusto de Moura, irmão da minha penta-avó Ana Amélia de Moura Albuquerque, mas isso fica pra outra história ...

*** Apesar de ter encontrado referência ao café como atividade dos Spínola na Bahia, este cultivo não era muito comum na época e lugar, sendo mais provável terem criado gado ou plantado algodão, fica a dúvida ...

Fontes:

Livro Online sobre Anísio Spínola Teixeira: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/livro10/chama_capitulo2.html

Taberna da História do Sertão Baiano:
http://tabernadahistoriavc.com.br/deocleciano-pires-teixeira/


Geneall e outros Fóruns da internet

Muito Obrigado a todos que pesquisam e compartilham a história !!