Leolino Xavier Cotrim
nasceu em Caitité em 28 de Janeiro de 1834, descendente dos Cotrim e dos Brito
Gondim, famílias importantes dos primórdios da colonização do Alto Sertão da
Bahia, era filho de Manuel Xavier de Carvalho Cotrim e de Joaquina Calmon de
Brito Gondim.
Na Bahia atuava como
agricultor, pecuarista e mineirador, foi proprietário da fazenda Pedra da Lagoa
e chegou a desviar o curso do Rio Brumado para apanhar diamantes no leito seco.
Também levava Ametistas, pedras semi-preciosas, para Salvador, onde eram
vendidas a mercadores alemães, ao preço de quatrocentos mil reis a arroba.
Tinha o título de Coronel da Guarda Nacional.
Casou-se em 09 de
Julho de 1855 com Ludgeria Pereira da Costa, nascida em Caitité em 26 de Março
de 1837. Ludgeria era morena, baixa, com cabelos pretos lisos e olhos negros,
provavelmente com parte de sangue índio. Era filha do Capitão Manoel Pereira da
Costa e Emiliana Ribeiro da Costa, também proprietários de terras no sertão da
Bahia, o pai de Manoel, Jerônimo Pereira da Costa foi rendeiro* do sitio São
Pedro, no sertão do Rio Pardo na Bahia. Leolino e Ludgeria tiveram 13 filhos.
Entre eles a minha trisavó, Diolinda Cotrim, mãe da minha bizavó Arlinda
Spínola de Castro, mãe do meu avô materno, Wagner de Oliveira Guimarães.
Em 1877 Leolino resolveu
mudar-se com a família para o interior de São Paulo. O início de uma nova seca,
como a que arrasou a região entre 1857 e 1861, provocou pânico e grande
despovoação do sertão nordestino neste ano. Além disso a mineração já havia
enfraquecido e chegavam notícias sobre as oportunidades com o café no interior
de São Paulo.
Já com a fazenda
comprada em São Carlos, partiu de Caitité no dia 07 de Fevereiro de 1878,
chegando em São Paulo em 10 de Abril do mesmo ano, para a Fazenda Conceição,
nova residência da família a poucos quilômetros da cidade, em uma região
chamada de Babilônia. Leolino veio para São Paulo já com boa fortuna da Bahia e
pouco depois da chegada trocou de fazenda, indo para a região de Ribeirão
Preto, próximo ao então povoado de Pitangueiras, onde comprou de Joaquim Moço**
a Fazenda Santa Vitória, que depois foi ampliada por novas aquisições, chegando
a ter 2.000 alqueires.
Na Santa Vitória
Leolino e seus filhos chegaram a plantar um milhão de pés de café. A sede era
relativamente luxuosa para a época, com 12 cômodos e grandes varandas, tinha
água encanada, luz elétrica com o uso de um gerador movido por uma roda
hidráulica e telefone ligando a fazenda à cidade de Pitangueiras, esses
recursos eram avançados para a década de 1910 e mesmo muitas cidades não os
possuíam. A fazenda ainda tinha muitos terreiros, sendo um ladrilhado para
secar café lavado em tanque, uma máquina de beneficiar café, uma grande tulha
***, uma serraria (que tinha até serra inglesa), moinho para fubá de milho e
olaria para produção de tijolos e telhas. Além do café havia criação de gado,
com cerca de 300 cabeças.
Nesta época começam a
chegar os primeiros colonos italianos, que foram construindo casas e formando
colônias dentro da fazenda. Neste mesmo período foi construída a Estrada de Ferro
São Paulo-Goiás, que atravessou as terras de Leolino, tendo dentro delas uma
estação onde era feito o carregamento do café.
Em 1912, já com 78
anos ele fez uma viagem pela Europa, na companhia de uma das filhas, América, e
do genro, João Pedro Antunes, visitou quase todos os países em 6 meses de
viagem, conta-se que gostava de mostrar os postais do velho mundo aos amigos e
visitantes na fazenda.
Leolino faleceu em 18
de Agosto de 1924, aos 90 anos na fazenda Santa Vitória, seu nome ficou gravado
na história de Pitangueiras, sendo considerado um dos fundadores da cidade,
alguns de seus filhos ocupariam cargos importantes, como Juiz, Vereador e até Prefeito
Municipal****. Uma das principais ruas da cidade leva o nome de Leolino.
***
Leolino Xavier Cotrim
* A príncipio o
Rendeiro era quem cultivava a terra e pagava uma taxa, geralmente “um quinto”
(20%) ao proprietário. No entanto, como no século XVIII não havia posse
definitiva da terra, já que elas pertenciam ao Rei e eram cedidas
temporariamente para serem cultivadas, era impossível a venda formal de terras.
Por isso muitas vezes o sistema de rendeiros era usado para este fim, ou seja,
para mascarar o que de fato era a venda. Tanto é que após anos de uso muitos
destes rendeiros reclamaram e ganharam a posse das terras que cultivavam.
** O fim de Joaquim
Moço foi trágico, apesar dos 40 contos de réis pagos pela fazenda (um bom
dinheiro para a época) o povo dizia que o negócio foi ruim, pois as terras
valiam bem mais. Joaquim então resolveu desfazer o negócio e convidou Leolino
para um jantar em sua casa. Leolino não apareceu e Joaquim que teria preparado
a espingarda para intimidar o comprador, acabou se matando em seu quarto.
Ninguém sabe se esta já era a intenção dele, se ele iria matar ou só intimidar
Leolino ou iria matá-lo e depois se matar.
*** Tulha é um depósito para guardar cereais e
alimentos, no caso o café.
**** João Batista
Cotrim, filho de Leolino foi Juiz de Pitangueiras e Major da Guarda Nacional,
ele casou com Orminda Guimarães Cotrim,
filha do Major Urbino (meu trizavô). Ela empresta até hoje o nome a uma escola
pública da cidade.
Fontes:
Blog da família Cotrim - https://sites.google.com/site/afamiliacotrim/
Posseiros, Rendeiros e Proprietários – Erivaldo
Fagundes Neves
Sou historiadora e vivo em Caetité. Podemos trocar figurinhas sobre Leolino, entre em contato.
ResponderExcluirBom dia,
ResponderExcluirMoro em Ribeirão Preto, sou bisneto de Leolino Xavier Cotrim, meu avô filho dele chamava se Jose Cotrim, apelidado de Cazuza e que se casou na segunda núpcias com Odete Guimaraes, de Guanambi.
José Marcondes Cotrim