Urbino de Oliveira
Guimarães nasceu no dia 28 de Maio de 1856 em Vila Velha, atual Livramento de
Nossa Senhora (também conhecida como Livramento do Brumado), filho de Antonio
Joaquim de Oliveira Guimarães e Francisca Rosa Viana Magalhães.
Seu pai era Coronel
da Guarda Nacional, nascido em Rio de Contas, neto de Portugueses que vieram
para a região atrás do Ouro e das Pedras Preciosas. Alguns de seus irmãos foram
fazendeiros conhecidos e estiveram entre os pioneiros da região de São Carlos no
interior de São Paulo*. Totonho como era conhecido, desceu a Serra das Almas e
estabeleceu-se na Fazenda Recreio**, perto de Vila Velha, quase no pé da
Cachoeira do Brumado. Sua esposa, Francisca Rosa Viana Magalhães era de
Paramirim.
O Major Urbino (Major
também da Guarda Nacional) viveu até os 43 anos na Bahia, fez o caminho
contrário do pai, voltando à Rio de Contas, onde ganhou a casa do Barão de Vila
Velha, Joaquim Augusto de Moura, irmão mais velho da sogra de Urbino, conhecida na região como
Casa do Barão***. Na Lagoa do Timóteo ele plantava e criava gado.
Casou-se em 25 de
Janeiro de 1877 com Idalina Augusta de Moura Bittencourt, nascida provavelmente
na mesma Vila Velha em 25 de Novembro de 1860, filha de Ana Amélia de Moura e
Albuquerque, esta descendente dos primeiros Spínolas e dos Moura e Albuquerque
(de quem já falei aqui) . O pai de Idalina era Francisco de Vasconcelos
Bittencourt, filho de açourianos com sangue francês, (ou seria holandês ?),
dele vou falar mais tarde.
Ainda nos tempos da
Lagoa do Timóteo, encontrei esta história nos relatos do Jornalista Mario
Mazzei Guimarães****:
“Vindo a cavalo para Vila Velha, em visita ao pai,
Urbino topou certo fazendeiro preparando surra num preto, como fazia nos tempos
da escravidão, o viandante desceu da montaria, soltou o negro que iria apanhar
e seguiu caminho. Na volta à Lagoa, encontrou sua casa rodeada de verdadeira
multidão: eram os vizinhos que lhe vinham dar garantia, pois corria que o
agressor, julgando-se desfeitado, queria fazer ao major, com a ajuda dos
capangas, o que Urbino impedira que ele fizesse ao negro. Naturalmente a
anunciada agressão não se consumou ...”
Em 1899 chega a hora
de migrar para o interior de São Paulo, seguindo a trilha de outros parentes e
amigos, como a sogra e até o filho Olindo de Oliveira Guimarães, meu bizavô,
que já havia feito este caminho. Ele organiza uma grande comitiva num total de
50 pessoas e 99 burros levando toda a mudança da família, a viagem durou 66
dias e dela vou escrever em detalhes em um próximo post.
Chegaram em Casa
Branca, no interior de São Paulo em 13 de Agosto de 1899. Passaram por Santa
Cruz das Palmeiras, na fazenda do primo de Idalina, Antonio Moura, depois pelas
terras de outros parentes, a última delas de Leolino Cotrim*****, meu tataravô,
em Pitangueiras.
Foi em Pitangueiras o
destino final, a Fazenda Santa Rosa, nova residência da família, que logo teve
seu nome mudado para Santa Octacília, em memória de uma das filhas de Urbino
que morreu durante a jornada. A fazenda de 100 alqueires foi comprada com o
dinheiro dos burros usados na viagem e com uma ajuda da sogra. Na fazenda
plantava-se café.
Idalina faleceu em 03
de Abril de 1901, sete dias após dar a luz ao filho caçula, aos 41 anos. Urbino
casou-se novamente 5 anos depois, quando tinha 50 anos, teve ainda com a nova
esposa, Sofia Miller, 3 filhas. Ela era sobrinha de Benedito Calixto, o pintor
pré-impressionista.
Urbino teve muito
sucesso com o café, e ainda foi favorecido pela sorte, em 1918 uma forte geada
acabou com grande parte da produção paulista, mas a Santa Octacília foi poupada
e a produto foi vendida com preço muito valorizado, neste ano ele construiu a
nova casa grande da fazenda e comprou mais terras, chegando aos 150 alqueires.
Influenciado pela
nova esposa resolveu morar na cidade, mudando-se para Bebedouro onde doou um
dos vitrôs para a Igreja Matriz. Tinha uma boa vida na cidade, possuindo até um
Oldsmobile com motorista fardado. Também fez algumas viagens com a nova esposa,
conhecendo Santos, Itanhaém, Rio de Janeiro e Salvador.
O Major Urbino
faleceu em São Paulo, onde tinha se internado, no dia 17 de Janeiro de 1929,
além da Santa Octacília****** deixou para os filhos várias casas em Bebedouro,
saldos expressivos em bancos e comissários em Santos e terras no “Sertão de Rio
Preto”, onde hoje é Jales. Talvez tenha sido andando por estas terras que meu
avô Tutu (neto de Urbino), conheceu minha avó Sebastiana, filha de fazendeiros
de Jales.
***
* Alguns dos seus
irmãos: Avelino de Oliveira Guimarães, dono da Fazenda das Campinas, em Palmas
de Monte Alto, ele hospedou e protegeu o geógrafo e historiador Theodoro
Sampaio, por volta de 1879, quando este percorreu a área fazendo pesquisas,
nesta época o perigo da região era o bando do cangaceiro Neco; Francisco
Cândido de Oliveira Guimarães, morador em Arraial, em 1882; Francisco de Oliveira
Guimarães (sem o Cândido), morador em Rio de Contas; José Candido de Oliveira
Guimarães, fazendeiro nos tempos iniciais de São Carlos e Manuel Cândido de
Oliveira Guimarães, dono da Fazenda Babilônia, foi um grande comerciante de
escravos na região de São Carlos por volta de 1880.
** Segundo Mario
Mazzei a sede da fazenda Recreio, um sobrado, ainda estava lá em 1963, quando
ele visitou a região, ficando próxima ao Engenho da Cachaça Sempre Viva (bom,
já tenho um motivo para voltar à Livramento).
*** Sobre a Casa do
Barão e os Spínolas, falei nos posts anteriores, coloquei até uma foto da casa.
**** Mario Mazzei era
filho de Orestes Guimarães, um dos filhos do Major Urbino. Ele escreveu uma
série de crônicas sobre o avô, que foram fundamentais para escrever este post.
Mario Mazzei foi editor-chefe da Folha de São Paulo entre 1953 e 1959 e fez
várias reportagens de destaque no jornalismo brasileiro. Ele faleceu em 12 de
Dezembro de 2012, aos 98 anos.
***** Leolino Xavier
Cotrim, rico fazendeiro da época do Café, foi o Avô de Arlinda Spínola de
Castro (minha bizavó), casada com Olindo de Oliveira Guimarães, filho do Major
Urbino. Houveram outros tantos casamentos entre os Guimarães e os Cotrim nesta
época.
****** A fazendo
Santa Octacília já nas mãos da família Marinho (ele casado com Cotrim Avelar),
mudaria a plantação para as laranjas nos anos 30, após forte queda de preço do
café. Ela foi rebatizada com o nome de Santa Rosa. Segundo Mario Mazzei, em
1990 ela ainda estava lá.
Fontes:
Uma série de crônicas
escritas por Mario Mazzei em 1990 e distribuídas entre os parentes. Deixo aqui
o muito obrigado e este jornalista e historiador que me ajudou a conhecer um
pouco mais da minha história.
Entrevista com
Mario Mazzei - http://colinaspaulo.blogspot.com/2011/06/artigo-do-jornalista-mario-mazzei.html
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ResponderExcluirUrbino de Oliveira Guimarães era irmão da minha bisavó, Arlinda Bella de Oliveira Guimarães
Excluirmais info/ https://www.familysearch.org/tree/person/details/9N4F-6WV
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ResponderExcluirMuito legal essa página do seu blog, Ricardo. Na verdade, todo o blog. Estou lendo aos poucos. O Olindo era irmão da minha avó Odila.
ResponderExcluirOsvaldo de Oliveira Guimarães, filho do Major Urbino, era meu avô paterno.
ResponderExcluirGostaria muito de compartilhar informações sobre Leolino Xavier Cotrim. Entre em Contato.
ResponderExcluirBisavô da minha avó
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